Friday, May 12, 2006

Correndo atrás do vento

Vi ainda todas as opressões que se fazem debaixo do sol, eis as lágrimas dos que foram oprimidos, sem que ninguém os consolasse, vi a violência na mão dos opressores, sem que ninguém os consolasse.
Pelo que tenho por mais felizes os que já morreram, mais do que os que ainda vivem,
porém mais que uns e outros tenho por feliz aquele que ainda não nasceu, e não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.
Então vi que todo trabalho e toda destreza em obras provém da inveja do homem contra seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
O tolo cruza os braços e come a própria carne, dizendo:
Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento.
Então considerei outra vaidade debaixo do sol, isto é: um homem sem ninguém, não tem filho, nem irmã, contudo não cessa de trabalhar e seus olhos não se fartam de riquezas, e não diz;
Para quem trabalho eu se nego a minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho.
Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.
Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois caindo, não haverá quem o levante.
Também, se dois dormirem juntos, eles se aguentarão; mas um só como se aguentará?
Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resisitirão; o cordão de três dobra não se rebenta com facilidade.
Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que já não se deixa admoestar;
ainda que saia do cárcere para reinar ou nasça pobre no reino deste.
Vi todos os viventes que andam debaixo do sol com o jovem sucessor, que ficará em lugar do rei.
Era sem conta todo o povo que ele dominava; tão pouco os que virão depois se hão de regozijar nele. Na verdade que também isto é vaidade e correr atrás do vento.

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